Esqueumorfismo na Tecnologia: Porque é que está em toda a parte?

Esqueumorfismo na Tecnologia: Porque é que está em toda a parte?

Abril 14, 2023

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A grande maioria da população, mesmo aquela que passa grande parte do seu dia no computador ou telemóvel, não está familiarizada com o termo esqueumorfismo. Mesmo sendo uma palavra difícil de prenunciar, os esqueumorfos estão presentes em toda a parte, sobretudo na tecnologia.

Apesar da evolução constante do mundo tecnológico, alguns aspectos da tecnologia continuam quase inalterados. Verdade seja dita, parece ainda existir uma familiaridade reconfortante no esqueumorfismo, alimentada por uma nostalgia de como o mundo era antes da emergência da tecnologia.

 

Afinal, o que é o Esqueumorfismo?

Utilizado pela primeira vez em 1889, o termo esqueumorfismo é derivado das palavras gregas “skeuos” (ferramenta) e “morfe” (forma). O termo consiste no princípio de design em que as sugestões de formas são retiradas do mundo físico, nomeadamente inspiradas nos objectos originais.

No campo da tecnologia, é frequentemente utilizado em interfaces de sistemas operacionais, onde grande parte do design visa lembrar o mundo real, tentando ser o mais fiel possível à sua versão analógica através da forma, cor, textura, dimensão, sombra, luz, mas sobretudo da utilização. Exemplo disso é o uso de imagens de pastas para sistemas de arquivação de computador.

A ideia principal passa por integrar ideias antigas e familiares nas novas tecnologias, mesmo que já não desempenhem um papel funcional nas nossas vidas. O objectivo é tornar os computadores e telemóveis mais familiares e intuitivos aos olhos dos utilizadores através de uma associação directa ao mundo físico.

Como surgiu o esqueumorfismo na tecnologia?

O universo dos computadores na década de 80 abriu caminho para um novo mundo de esqueumorfos. O propósito? Tornar os sistemas operacionais, até à data encarados com alguma apreensão, mais amigáveis aos olhos do utilizador, criando um vínculo intuitivo com o passado.

Steve Jobs, fundador da Apple e pioneiro da revolução dos microcomputadores na década de 70 e 80, foi quem abriu caminho à integração do esqueumorfismo na tecnologia. Jobs acreditava que os equipamentos deviam ser tão simples de utilizar que um utilizador sem experiência facilmente o dominaria apenas com base no seu instinto.

Quando o uso de smartphones se generalizou, com o lançamento do primeiro iPhone em 2007, o esqueumorfismo regressou em força para tornar a nossa adaptação à nova tecnologia mais fácil e intuitiva. Steve Jobs não só reinventou o mundo dos telemóveis, como revolucionou o design digital.

No entanto, com o passar dos anos e a familiarização das novas tecnologias, os elementos tecnológicos ganharam um design minimalista e perderam a imitação das formas tridimensionais dos objectos reais. Esta transformação foi sobretudo notória em 2013 com a transição do iOS6, cheio de texturas e formas, para o iOS 7, um design da Apple muito mais simples e recto.

Onde podemos encontrar esqueumorfos?

O esqueumorfismo teve um papel importante no sucesso dos smartphones. Uma inovação para a época, a utilização de esqueumorfos facilitou a utilização das novas aplicações, relembrando as suas versões analógicas.

Os ícones no telemóvel e computador são os melhores exemplos de esqueumorfismo que poderemos encontrar no nosso dia-a-dia. Se nos concentrarmos num ecrã de um computador, o que vemos? Se quisermos eliminar um ficheiro, percebemos de imediato que temos de o arrastar para o ícone do lixo, uma representação de um lixo na vida real. Caso o nosso desejo seja arquivar um ficheiro, colocamos os ficheiros em pastas semelhantes às pastas físicas que usamos.

A chegada do e-mail deixou os envelopes de parte, mas o e-mail manteve-se para sempre associado a um envelope – não fosse este o local onde chega o nosso correio actualmente. De forma semelhante, o ícone clássico do telefone representa a funcionalidade de fazer uma chamada, enquanto o ícone do carrinho de compras representa as compras que agora fazemos online.

O mesmo acontece com o botão para guardar um ficheiro. Não é difícil perceber que inúmeras interfaces utilizam o ícone de uma disquete, popular na década de 1990, como uma representação visual para a accão de guardar.

Como o esqueumorfismo continua vivo

Ao longo do tempo, o esqueumorfismo deixou de fazer tanto sentido para as novas gerações, sendo que muitas nunca chegaram a conhecer os elementos usados para representar determinadas acções. Contudo, apesar do lado visual do esqueumorfismo parecer ter deixado de fazer sentido no nosso dia a dia, vai continuar vivo nas nossas vidas.

Aliás, se pararmos para pensar, funcionalidades como a Siri ou a Alexa são uma nova forma de esqueumorfismo ao simularem a experiência de interagir com um ser humano através de um assistente de voz. Como o próprio nome indica, o esqueumorfismo transformou-se ferramenta diferente com a mesma forma, e assim continuará.