Olá, vending machines de NFTs?

Olá, vending machines de NFTs?

Julho 21, 2022

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NFT é uma das palavras de ordem da actualidade. Ainda assim, se tens estado distraído(a) nos últimos tempos, pode parecer-te absurdo que algumas pessoas tenham “investido” (?) muitos milhões de euros em NFTs. Aliás, há mesmo quem admita que poderão abrir portas a novas formas de investir, bem como transformar para sempre a forma como coleccionamos arte.

 

Afinal de contas, o que é um NFT?

O que são e porque se está a pagar tanto por eles? Primeiro, começamos com o básico: a sigla NFT significa Non-Fungible Token (registo não fungível, em português) mas, basicamente, refere-se a algo único, inalterável e que não pode ser directamente substituível por qualquer outro registo digital.

Estes recursos podem ser qualquer representação digital desde imagens como desenhos, fotografias, GIFs ou memes, mas também música, vídeos, avatares virtuais, ou qualquer outra forma de “artedigital. Até tweets podem entrar na equação. Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter, vendeu o primeiro tweet publicado na plataforma como um NFT pela módica quantia de 2.9 milhões de dólares.

Estes ficheiros “vivem” na blockchain – o mesmo sistema utilizado na base das criptomoedas – e armazenam dados que funcionam como “certificado de propriedade” de cada token e permitem aos compradores verificar a sua autenticidade. Ao processo de criação de um NFT é chamado de minting.

Cada NFT não é mais do que uma linha de código que regista qualquer transacção na blockchain e informação sobre a sua legitimidade: quem criou, quem registou na blockchain, quem o detém e ainda o histórico de quem o possuiu. Toda e qualquer alteração é tornada pública, pelo que ludibriar o sistema é complexo. Por outro lado, o mercado de criptomoedas é também palco de falhas e esquemas devido à sua natureza desregulamentada, descentralizada e anónima.

Mas qual a utilidade dos NFTs se tão facilmente se pode copiar e partilhar um ficheiro digital da arte de um NFT vendido por milhões como de outro avaliado em cêntimos? Não são “só imagens”, no final de contas?

Espera, mas não se pode simplesmente copiar e colar uma imagem?

Sim, mas, na teoria, os NFTs seguem a mesma lógica da arte. Por exemplo, qualquer um pode comprar uma réplica da Mona Lisa (que, por curiosidade, o seguro avaliava por 100 milhões de dólares em 1962, mas, se considerarmos a inflação, hoje este valor rondará os 860 milhões) mas apenas alguém muito determinado – e rico – pode ser o feliz proprietário do original. Tal como a arte, os NFTs oferecem algo que não pode ser replicado: propriedade sobre a obra e status no mundo digital.

Cézanne, da Vinci e Gauguin são nomes célebres cujas obras têm lugar cativo nas maiores galerias. Mas, ultimamente, os artistas estão a migrar da tela para o digital à medida que as vendas dos NFTs atingem valores astronómicos. Nomes como Pak, Beeple, Tyler Hobbs, Dmitri Cherniak, Justin Blau e XCopy são, actualmente, autênticas celebridades. Por exemplo, o criador digital Pak vendeu a obra Merge por um valor recorde de 91 milhões de dólares, tornando-se na obra de arte NFT mais cara de sempre. Seguiu-se o token de Beeple, EVERYDAYS: The First 5000 Days, vendido por 69.3 milhões de dólares, e, no terceiro lugar do pódio, a arte Julian Assange x Pak Clock, por 52.7 milhões.

 

Merge por Pak

EVERYDAYS: The First 5000 Days por Beeple

 

Meta, a companhia que engloba plataformas como Facebook, Instagram, WhatsApp e Oculus, avança que “os criadores estão a usar non-fungible tokens (NFTs) para ganhar um maior controlo sobre o seu trabalho, sobre a relação com as suas comunidades, e sobre a forma como se rentabilizam.”

Marketplaces: onde comprares o teu próximo NFT?

A Ethereum apresenta o maior ecossistema de tokens, apesar de outras blockchains também os permitirem criar. Por onde começar? Existem muitas opções disponíveis. A OpenSea tornou-se no mercado por excelência e procura afirmar-se como a Amazon ou Ebay de registos não fungíveis. Rarible, SuperRare, Nifty Gateway e Foundation são também outras opções para adquirires os teus colecionáveis digitais.

 

Mas… há uma vending machine de NFTs?

Jordan Birnholtz, co-fundador da Neon, empresa que opera como um mercado de compra, venda e galeria de NFTs, anunciou o lançamento da primeira máquina de venda automática de tokens em Wall Street. Não são vendidos quaisquer salgados ou guloseimas, mas NFTs!

Geralmente, a compra dos NFTs é feita com criptomoedas e por navegadores de internet, algo que exige um certo conhecimento técnico por parte dos compradores. Num comunicado, a Neon partilha que a vending machine aceita cartões de crédito ou débito. Na compra, “a máquina dispensa uma caixa com um código único no interior para o NFT escolhido e que pode ser redimido na plataforma da empresa. Sem necessidade de criptomoedas ou conhecimento especializado, a Neon desenvolveu uma forma simples e acessível de comprar, vender e comercializar NFTs no mundo real. Esta máquina está aberta 24 horas por dia.”

 

Os NFTs tornaram-se num fenómeno cultural. Porém, se ainda te questionas se o investimento em tokens vale a pena, temos a confessar-te que o seu futuro é ainda incerto. Todavia, se numa vending machine a escolha pender entre uma barrita e um NFT, ao menos os últimos têm baixo teor de açúcar.