Web3 – Onde a arte e a blockchain convergem
Web3 – Onde a arte e a blockchain convergem
Agosto 31, 2023
Estamos a assistir a mudanças no modo como usamos Internet e até no modo como esta é gerida. Com a Web3 a entrar na fotografia em inúmeros sectores, incluindo o mundo das artes, serão muitas as mudanças que iremos assistir nos próximos anos.
Se o gaming, as redes sociais e até FinTech eram as áreas que mais estavam ligadas às tecnologias Web3, vemos hoje que estas últimas estão a chegar a muitas outras indústrias. Para produtores, clientes e intermediários, estas tecnologias trazem alguns benefícios. Um deles é a descentralização da Web, dado que esta está a ser desenvolvida para ser uso de uma rede de sistemas blockchain.
Para o mundo da arte, a Web3 pode ser uma forma refrescante de criar obras e de trazer o público para mais perto das peças e até dos artistas.
Neste artigo iremos rever o que é, ao certo, a Web3, como é que esta tem influência no mundo da arte e quais as tecnologias Web3 mais usadas na indústria artística.
Tabela de conteúdos:
Como é que a Web3 está a mudar a indústria da arte?
O que é a Web3?
Estamos a chegar ao fim da era Web2.0 e, com isso, entramos nos anos dourados da Web3. Esta nova geração de internet é também conhecida como a “Web descentralizada”, dado que está mais focada nos utilizadores e não nas grandes organizações que gerem grandes plataformas digitais e centralizam dados.
A primeira grande diferença de protocolo entre a Web2 e a Web3 está na API implementada pelo Ethereum JSON-RPC para Ethereum Virtual Machine (EVM). Para quem não está familiarizado com este conceito, a API é o conjunto de normas e protocolos que permitem aplicações comunicarem entre si. A API implementada no âmbito da Web3 permite que developers criem aplicações descentralizadas e mais seguras para os utilizadores.
Com a descentralização no centro da Web3, a tecnologia blockchain é essencial para criar plataformas online. Esta descentralização, a nível nativo, faz com que a internet se torne mais segura, democrática, aberta e transparente.
E, por ser mais focada nos utilizadores, estes começam agora a ter o domínio dos seus dados.
Por sua vez, os dados são protegidos de forma a que os utilizadores fiquem com a total propriedade dos mesmos. Para tal, foram já introduzidos novos elementos em algumas plataformas como mensagens encriptadas e identidade descentrealizada.
A par com a descentralização e a segurança, a interoperabilidade faz também parte do protocolo da Web3, para que as plataformas estejam ligadas e consigam comunicar sem problemas.
No fundo, e apesar de ainda estar no início do seu desenvolvimento, a Web3 vem mudar o modo como se interage com plataformas, com outras pessoas e até com obras de arte.
Como é que a Web3 está a mudar a indústria da arte?
Com a Web3 a ser desenvolvida e as tecnologias que a caracterizam a serem já implementadas em algumas plataformas, temos assistido a uma mudança de paradigma na interacção com outras pessoas e até no acesso a obras de arte.
Actualmente, e ainda dentro dos parâmetros da Web2, é já possível visitar galerias de arte no Metaverso através da Realidade Virtual ou visitar exposições virtuais nos próprios sites de museus. Enquanto elemento da Web3, estas visitas virtuais tornam-se mais imersivas e interactivas.
Assistimos, também, a uma ruptura das barreiras entre o mundo virtual e o mundo físico, com galerias físicas a abrirem marketplaces de NFTs. Contudo, não é só aqui que as tecnologias emergentes estão a mudar a indústria da arte.
A Web3 irá ter repercussões tanto para artistas como para entusiastas de arte, tais como:
- Descentralização de marketplaces – De forma a que artistas possam vender a sua arte sem terem intermediários. Assim, estes têm mais domínio sobre as suas obras e sobre o que recebem pela sua venda.
- Maior transparência – De cada vez que uma peça é revendida, o artista poderá receber uma parte do lucro.
- Encontrar novas audiências – Através de espaços de exposição virtuais, artistas e galerias podem dar a conhecer novas obras de arte e novas correntes artísticas.
- Explorar novas formas de arte – Desde arte com input de Inteligência Artificial até arte que só vive no digital e em forma de NFTs (non-fungible tokens), os artistas conseguem encontrar novas formas de criar e expor o seu trabalho.
Exemplos de tecnologia Web3 a ser usada na indústria artística
Para criar mercados digitais descentralizados e dar aos artistas maior controlo e mais ganhos sobre as suas obras, são já utilizadas inúmeras tecnologias emergentes:
- Realidade Virtual e Realidade Aumentada – A arte torna-se imersiva e mais interactiva com estas duas tecnologias, permitindo uma maior proximidade dos apreciadores de arte com as obras.
- Blockchain – A blockchain é a tecnologia que mais está presente na Web3 e, com ela, é possível criar marketplaces descentralizados. Assim, os artistas conseguem vender directamente as suas obras e manter um registo de possíveis vendas seguintes para continuar a ter lucro com o seu trabalho. Este registo terá impacto no valor de obras que são também NFTs.
- NFTs – Enquanto activos, os NFTs podem ser peças de arte, música ou qualquer outra coisa que viva apenas no digital. Para comprar um NFT, é necessário um contracto inteligente que seja executado de forma automatizada. Com esta tecnologia, os artistas poderão monetizar o seu trabalho de forma circular. Ou seja, sempre que esse token seja vendido.
- IA Generativa – Com a Web3, a IA generativa está mais presente no processo criativo dos artistas, com um papel de colaborador virtual. Com a IA, os artistas podem criar algoritmos para que esta tecnologia crie, por si própria, obras de arte virtuais.
- Arte digital – Com as diferentes tecnologias emergentes, os artistas têm na Web3 uma possibilidade de reinventar as suas obras de arte e de criar novas correntes artísticas que não seriam possíveis de existir no mundo físico.
A arte, os NFTs e a Web3
Na Web3, a arte e a tecnologia convergem para que se alcancem novas audiências e se explorem novas formas de criar arte. Uma das formas que melhor expressa esta intersecção são os NFTs, principalmente enquanto activos de media digital.
Apesar de a arte digital ser um dos principais tipos de NFT, estes estão a expandir o seu espólio artístico e a começar a incorporar peças que existem no mundo físico, como livros e pinturas clássicas. Estas peças têm cada vez mais uma reputação sólida perante coleccionadores e foi por isso que a Sotheby’s, por exemplo, já organizou leilões só de NFTs.
Os NFTs têm, por si próprios, características da tecnologia blockchain, que as faz integrar-se plenamente nos parâmetros da Web3. E, ao fazê-lo, tornam-se impossível de as replicar. Tendo em conta que a reputação de um artista e o valor de mercado das suas obras depende da unicidade destas últimas, torná-las num NFT é um passo estratégico com imensos benefícios.
Além do mais, com a tecnologia blockchain, o processo de venda e revenda de um NFT é mais transparente, dado que estão associados a um contracto inteligente que entra automaticamente em execução. Este último factor adiciona valor às obras e traz também mais segurança para os coleccionadores de arte.
Com os NFTs e a blockchain, os artistas podem ter direito a voto em situações relacionadas com a revenda das obras. Assim, estes poderão direccionar lucros obtidos com estes tokens, por exemplo.
Em conclusão
A Web3, que está já a substituir a Web2.0 em inúmeros sectores, faz uso da tecnologia blockchain para descentralizar plataformas e para devolver a propriedade dos dados aos utilizadores. E é neste contexto que o meio artístico tem muito a ganhar.
Dentro dos novos protocolos da Web3, os artistas podem apresentar o seu trabalho num maior número de plataformas digitais, chegando a novas audiências. Além do mais, as tecnologias emergentes podem ser ferramentas preciosas para o processo criativo, mas também enquanto materiais para criarem peças de arte digitais.
Estas peças de arte, por sua vez, são muitas vezes transformadas em NFTs que, por terem características da tecnologia blockchain, são peças digitais únicas. Enquanto activos, os NFTs dão a possibilidade aos artistas de terem peças exclusivas, impossíveis de copiar e de manterem o registo da suas obras – o que, mais tarde, se pode traduzir no direito de voto sobre as pessoas a quem as peças são revendidas e a uma distribuição justa do lucro.